Sexta-feira, 31 de Janeiro de 2014

     Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades.

     Era um outro ar que se respirava pelo Porto à entrada desta histórica revolta. A repulsa monárquica, aliada ao carácter de combatividade desses velhos portuenses, conduziu à sublevação colectiva de um ideal. Um outro ar que materializado autorizava os portuenses a ser a voz do país e não o contrário.

     Casta obsoleta a de revolucionário. É o que pensa a cavalgadura versada sob diminuta metafísica. Por isso não celebraremos uma revolta de 31 de Janeiro de 2014. E, mediante honrosa oportunidade, faremos acordo com a independente Inglaterra, integrada na Europa quando lhe convém, e negociaremos a propriedade de pequenos quintais nas colónias, nos quais possamos assentar a firmeza das nossas convicções, que é nenhuma, e semear as nossas vitórias com a terra suja das nossas derrotas.

     Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades.

     Viva a Revolta de 31 de Janeiro de 1891!

 



publicado por Rui Moreira às 18:48 | link do post | comentar

Sábado, 25 de Janeiro de 2014

 

Eu não gosto de discutir a praxe, principalmente porque não tenho paciência para todo o clima emocional de paixões e ódios que envolve a discussão sobre este assunto. Ainda assim, gostava de resumir de forma clara a essência da minha oposição à praxe.

 

O facto de existir um espaço, uma situação, na República Portuguesa em que alguém, seja qual for o argumento de autoridade invocado, entenda que tem o direito de ordenar a um Cidadão da República Portuguesa que se ajoelhe, coisa que nem um Juiz tem autoridade para fazer e ainda bem, ofende de tal modo os meus princípios que me dá azia.

 

No fundo é só isto.



publicado por Gonçalo Clemente Silva às 21:08 | link do post | comentar

Segunda-feira, 20 de Janeiro de 2014

Aquela massa a que chamam cinzenta e está segura e contida no crânio, mas sobre a qual nunca tiveram a curiosidade de saber a verdadeira coloração, nunca lhe serviu para rigorosamente nada a não ser a constante meditação e contemplação, prescrutadora e especulativa da razão da dobra do seu umbigo. Pode estar a ler, a ditar, que o seu umbigo está lá, na doçura ou avidez do seu pensamento. É uma atitude beata e de cuidado permanente. Por muito bons assessores, dos mais diversos mesteres, que o rodeiem, aquilo que guarda ao ver um Joan Miró, logo se lhe escapa, no movimento descendente dos olhos que deslizam do cimo da deslumbrante ou brilhante e elegante caixilharia até ao umbigo. Nem o uso da calculadora consegue por em prática, tal como faz o bom banqueiro no seu ofício multiplicante. Um retângulo de grés, 10 cm x 15 cm, de uma imitação barata do mármore cativa-o tanto quanto um Joan Miró, um Henrique Pousão, um Vieira Portuense, um António Carneiro, um Juan Gris, um Manet, um Toulouse-Lautrec, um Gauguin, Vincent Van Gogh, um Degas, um Cézanne, um Kirchner, um Otto Mueller, um Chagall, um Braque, um Munch, um Bacon, Francis, um Bosch, Brueghel, um Goya, um Greco, Velasquez, um Souza-Cardoso, e aquela lista interminável de renascentistas italianos que percorre as cidades de Itália e acaba no teto da Capela Sistina. Perante tamanha arrogância de o confrontar com todos estes nomes disformes, o labor de retorquir leva-o a responder com semelhante arrogo: uma Joana Vasconcelos. É isso que de facto conhece, a estreiteza de vistas em formas ampliadas, que enchem os olhos tapando qualquer foco natural de luz e os seus significados óbvios que não contribuem para exercitar o intelecto. Numa miniatura pitoresca fazem lembrar aquela diretora de um museu municipal de uma cidade da média dimensão portuguesa, que descrevendo o seu espaço, o defende tão dignamente como se da sua casa se tratasse, enumerando as suas qualidades, do génio da sua história local, que infelizmente já não posso descrever porque não recordo, nem me lembro de alguma das suas obras dignas de registo, e termina dizendo que o seu museu, causa espanto. Um dia lá passará em digressão uma exposição da Joana Vasconcelos, largamente cara, que é o melhor motivo de publicidade para o uso do presidente da câmara local, e uma das insufladas peças da artista ocupará uma ou duas salas do espantoso museu.

 

 

 



publicado por Gabriel Carvalho às 21:39 | link do post | comentar

Segunda-feira, 13 de Janeiro de 2014

A moção Libertar Portugal, construir o futuro subscrita pela Juventude Popular e apoiada por 5 secretários de Estado do CDS-PP, será certamente um importante contributo para a permanente mutação ideológica do CDS-PP, bem ao jeito do mutante líder Paulo Portas, outrora liberal-conservador nos tempos de Cavaco P.M., outrora popular (das feiras), outrora democrata-cristão dos novos tempos, provedor dos reformados, dos contribuintes e dos agricultores, o tudo isto e muito mais, de prontoário das ideologias sempre na mão, para sacar a que lhe der mais jeito, enquanto for necessário ter ideologia, já que o neo-liberalismo é para a Juventude Popular razão e forma de Estado e o anarco-capitalismo um termo engraçado.

 

Se tomarmos a moção por um voluntarismo infantil, das barbaridades daquela pouco há a dizer, e espero que não fiquem vestígios. Para memória futura ficam anotados a forma ardilosa e o suspiro ao falar do autoritarismo do Estado Novo, o Estado socialista no qual fiquei a saber que vivia, e me impôs o autoritarismo socialista, levando por exemplo a que a escolaridade se tornasse obrigatória até ao 12º ano, que está visto é coisa de merecimento dos ricos, e arma perigosa na mão de pobres, que podem a qualquer momento querer regressar ao Estado socialista e ao autoritarismo perigoso próprio das democracias.

 

Um dia acordamos e chegados à escola (de arquitetura evocativa do cinquentenário e obrigatória até à 4ª classe), fazemos o exercício físico matinal, com fim de sermos bons pais e mães de família.

 

 


publicado por Gabriel Carvalho às 13:11 | link do post | comentar

Quinta-feira, 9 de Janeiro de 2014

Há muito de esquizofrénico e de desrespeitoso até, neste debate da ida de Eusébio para o Panteão Nacional, tendo em conta a forma como foi agendada a discussão para a reunião da conferência de líderes da Assembleia da República, na disputa de quem sugere primeiro, não fosse qualquer dos partidos cair nas más graças do povo. Claro está, nenhum partido recusou e todos concordam na ida para o Panteão.


Tal discussão seria sempre mediática, esquizofrénica é que talvez não, caso a lei que rege o ato de atribuição de honras de Panteão fosse a anterior a 2001, que previa um período mínimo de 5 anos desde a morte de determinada personalidade até à entrada do processo de discussão na Assembleia da República, precisamente o tempo necessário para esfriar os ânimos das emoções, do imediatismo, do mediatismo doentio e dos aproveitamentos políticos e de outras ordens, que desta vez fizeram os abutres sobrevoar o Palácio de Belém, o Palácio e o Palacete de São Bento.


Numa comunidade que se revê em determinados valores culturais e humanos, a atribuição de honras superiores a quem os corporiza não pode estar sujeita a humores, paixões clubísticas ou questões do momento, essas são condição das comunidades decadentes. Aristides de Sousa Mendes, por exemplo deveria lá estar; devíamos discutir o sentido da atribuição dessas honras a Francisco Sá Carneiro, entre outros, alguns poucos. Duma coisa estou certo, com o devido respeito e salvaguardando Eusébio, não quero ver o Panteão Nacional ocupado por futebolistas e concorrentes da Casa dos Segredos, ou de Leopoldo de «Para Roma com Amor», interpretado por Roberto Benigni, um homem comum confundido por acaso com uma estrela de cinema, e tornado extremamente popular enquanto não é substituído por outra estrela.

 



publicado por Gabriel Carvalho às 19:55 | link do post | comentar

Terça-feira, 7 de Janeiro de 2014

Quando um feitor da servidão,

manso diz,
ao submisso e humilde servo,
vai segue esse caminho,

talvez um dia encontres

entre a pedra a felicidade.

Tu revolucionário, feitor

da verdade poeta e tribuno

da insubmissão, dizes-lhes não.

A felicidade é a liberdade,

não está mais à frente,

vive a par da verdade.

 

Ó poeta da verdade,

que viste este tempo de servidão.
Este tempo de indiferença e de prisão.
Este tempo de descrença e humilhação.
Tempo de mentira.
Em que dizes não.

Tu, poeta da verdade.

 



publicado por Gabriel Carvalho às 23:13 | link do post | comentar

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