Quem tentando traduzir o título deste post enveredar pela sua tradução literal, chegará à questão "como curar um fanático", que é porém um ensaio do israelita Amos Oz, publicado em Portugal pela ASA Edições e o Público em 2007, com o título «Contra o Fanatismo». Neste, Oz, discorre sobre a natureza do fanatismo, através da sua experiência pessoal e vivência social dos extremos do conflito israelo-palestiniano, fenómeno que, conclui, não tem distinção de nacionalidade, de etnia ou raça, ou de crença. O fanatismo é um estado de obsessão profunda, e o fanático alguém que ergue a sua bandeira de forma impositiva e incontrolada.
Vem isto a propósito da verborreia dominical de João César das Neves. Na sua profissão de fé, o economista, antigo assessor de Cavaco Silva, e beato, diz o que alguns não ousam, mas a quem não é possível louvar a coragem: sobre o aumento do salário mínimo pode ouvir-se «é estragar a vida aos pobres»; sobre os reformados e pensões «a maior parte dos pensionistas não são pobres e estão a fingir». Para mim estas palavras dizem tudo sobre a indigência moral e ética do senhor, que a cada passo vive as suas crenças, como no tempo das cruzadas, ou ao jeito de intifadas. Não sendo surpreendentes, já que sistemáticas, vão formando um padrão de pensamento sobre a pobreza e a riqueza, a aquisição e a provação, entre uma pretensa elite.
How to cure a fanatic? No presente caso, porventura através de um cilício, que atue cada vez que profira uma asneira.