Braga é uma cidade muito especial. Especial naquele sentido eufemistico que utilizamos para qualificar o que não é normal. É especial quando os seus cidadãos querem irigir uma estátua ao Cónego [Filho da Puta] Melo, é especial quando alunos são suspensos do Colégio Dom Diogo de Sousa por fazerem trabalhos festivos sobre o 25 de Abril, é especial quando o Domingos Névoa nela enriqueceu, é especial quando o poder espiritual se imiscui nos assuntos terrestres e é, enfim, especial, por costume e tradição.
A Polícia de Segurança Pública ter-se-á tornado hoje numa especialidade de Braga a par das barrigas de freira e das frigideiras.
É claro que há sempre a perspectiva contrária, segundo a qual os irrequietos miúdos bracarenses é que são especiais e, atendendo a esse aspecto, refere a Matriarca da Ordem Pública da cidade, a Comissária Ana Margarida, que o uso de gás pimenta para dispersar a canalha mais nova foi escolhido em vez de uma intervenção mais musculada. Ora bem! Não se bate nas crianças, quanto mais em crianças especiais! Consideramos assim esta uma intervenção baseada em profundos pressupostos éticos e morais, pelo que a Polícia de Segurança Pública de Braga não merece senão o nosso aplauso. Esta era a outra perspectiva, completamente idiota e idiotizante.
O GAEB, Grupo Armado dos Estudantes de Braga, célula militarizada dos alunos da Escola Alberto Sampaio, está prestes a libertar um comunicado, onde agendará novas formas de luta violenta para os próximos dias, onde se incluem vigilias nocturnas à porta da escola e uma manifestação silenciosa em frente do Governo Civil. Por esta hora reforços da PSP de todo o país dirigem-se para Braga.
Quando a realidade supera a ficção não sabemos se estamos a ler o jornal ou o suplemento humorístico.