“Escrever 500 caracteres a partir de um currículo de 8000 mil, num espaço de tempo reduzidíssimo”… Assim se cavam buracos. Assim este governo justifica a omissão à passagem de Franquelim Alves pelo universo do BPN, no currículo do novo Secretário de Estado do Empreendedorismo, Competitividade e Inovação, e cava mais um buraco negro, sem explicação possível, nas ligações entre governos e interesses privados, que se verificaram ruinosos para o país e os contribuintes.
De facto passar pelo BPN, pode não constituir ilícito, apesar das dúvidas que surgem à sua actuação perante o conhecimento de ilícitos. Afinal não assinou cartas, que surgem como alegadas provas, e o idóneo Miguel assegura a idoneidade do senhor. Acresce ainda uma interrogação: o que tem de especial o currículo de Franquelim para ocupar as áreas a que está adstrito, e o distinga de outros que não estivessem ligados ao BPN, um dos maiores escândalos da democracia portuguesa, a aguardar nos tribunais uma conclusão.
O governo que promete o fim da impunidade com a sua chegada, apenas adensa a nebulosa em torno do BPN, nada explicando neste momento oportuno, sobre o andamento do processo, e se este dispõe de meios para conhecimento cabal da verdade, que continuará a levar milhões ao erário público e aos bolsos de todos os portugueses, por causa daqueles que realmente viveram acima das suas possibilidades.
É difícil aguardar com serenidade pelo uivo da justiça. Os anos vão passando, e mais alguns se esperam, para um processo de raízes insondáveis, com alicerces nas mais altas conivências, silêncios e omissões.