Agora que o mediatismo papal está finalmente a terminar, e o rebanho de almas sem pastor, já tem quem seguir, resta saber o que amanhã dirá Vítor Gaspar, que é nem mais nem menos a triste realidade, para católicos e não católicos portugueses.
A coisa promete: o governo construiu a narrativa de que a sétima avaliação estava demoradíssima (afinal só demorou mais um dia que a mais longa), tanto que o ministro Gaspar nem conseguiu ir ao Conselho de Ministros, algo talvez menos necessário, uma vez que os seus poderes foram reforçados. Fosse ele um super-herói como o Superman, o Spiderman ou um dos Fantásticos, e estaríamos nós descansados. Em parte foi mais ou menos assim apresentado com o seu fantástico currículo. Porém a triste realidade, com ou sem papa, é que o super-ministro não é um super-homem, pelos vistos mal sabe fazer contas, e amanhã as nossas opções talvez estejam circunscritas a mais austeridade, apesar de diferida no tempo, na fantástica quantidade anual de um, e no máximo dois, e ardilosamente denominadas de refundação do Estado. Só benesses, claro está, pelo extraordinário trabalho deste governo, que mansinho e submisso acede a tudo o que Merkel, BCE, FMI e os deuses Mercados acham por conveniente. Para si claro.
Contar com o Presidente da República, só de vez em quando, que o senhor trabalha muito, várias horas por dia e até ao fim-de-semana, concentrado que está em corrigir textos e preposições. Estejamos descansados que o senhor ouviu a monumental vaia na monumental manifestação de 2 de Março, apesar dos muros e paredes que o separam da realidade, e ouviu simplesmente pois foi bastante ruidosa. Apesar também, do tamanho das manifestações, do desemprego, do desmoronamento do Estado, da crescente conflitualidade social instigada pelo governo e seus apaniguados, da crescente pobreza, o Presidente da República vai dizendo que o governo faz o que pode, não fossem um para o outro o sustento do poder de um e outro.
De maturidade, apenas a resposta da sociedade, patente na mobilização intergeracional e interclassista, que pondera esse movimento e demonstra espírito pacífico, apesar da violência sobre si exercida, consciente da força libertadora da sua responsabilidade, sinal do que verdadeiramente pretende. Quem pensa que se trata de uma massa amorfa, um conjunto de interesses individuais, incompreensão em relação aos papéis representativos do Estado, engana-se. É a cidadania, é a Democracia.