Projecções do desemprego, naturalmente, revistas em alta, dívida pública histórica, recessão em mais do dobro do valor projectado há 3 meses atrás, prolongamento de prazos para o cumprimento do programa que, à partida, nos destina um inevitável incumprimento. A tudo isto, somamos uma fantasia normativa de soberania. E, claro, a indigência intelectual dos nossos eleitos. Sobre este último, e perdoai-me a falta de racionalidade para enquadrar determinadas condutas políticas em algum género de linha de pensamento, prefiro a poética insolência, quero dizer-vos: até posso aguentar estar no desemprego, condição sine qua non, segundo Pedro, para quem viveu acima das suas possibilidades (o famoso ajustamento de que fala é o acerto de contas com os portugueses), aquilo que não poderei aguentar mais tempo é a rendição do Governo português ao coloquial gado externo.
Desta vez, o destacado Príncipe do gado coloquial Vítor Gaspar, nos seus mansos modos, assume o falso génio que o habita e a inalienável impreparação que o esgota. Para quem pensar que demitir o Governo é irresponsável e que a voz popular nas ruas vale muito pouco, desengane-se. O próprio Vítor pediu a demissão esta manhã e, para nosso regozijo, ofereceu-nos as razões que sustentam tal pedido: incompetência e fanatismo.
Diz-me um ou outro amigo da área da psicologia que, normalmente, a resistência na assunção de culpas é o primeiro e mais árduo passo para o reconhecimento da necessidade de tratamento. Vítor já o fez. Estou contente por ele. E por nós.