Segunda-feira, 1 de Abril de 2013

 

O país está impaciente e ansioso em relação à decisão do Tribunal Constitucional. Arriscaria mesmo a dizer que nunca este órgão assumira tamanha importância perante os olhos do povo. O que está em causa não é um mero chumbo de medidas orçamentais mas toda uma estratégia definida por um memorando e executada por um governo tido como ilegítimo na desfaçatez como rompeu com as promessas eleitorais e desrespeitou sucessivamente a lei máxima portuguesa.

Apesar do cenário de demissão ser o mais atraente para a maioria dos cidadãos, a hipótese de remodelação foi avançada pelo círculo mediático e incentivada por figuras como Pires de Lima e Marcelo Rebelo de Sousa. Os nomes das vítimas em cima da mesa são os do costume: Álvaro Santos Pereira, Miguel Relvas e Vítor Gaspar. Considero que a saída de qualquer um destes ministros saberá a pouco e o contemplado muito dificilmente será o denominado "super-ministro" das Finanças. A sua saída representaria uma faca de dois gumes para Passos Coelho.


No caso de abandonar a equipa ministerial, Vítor Gaspar levaria consigo toda a essência da estratégia do governo. Este perderia a sua alma, o seu rosto da austeridade e das medidas difíceis, o homem incumbido da missão histórica de recuperar as contas nacionais. O escolhido para liderar um ministério de enormes proporções com uma concentração de poderes pouco vista, sendo reforçado na limitação de despesas e até na gestão da pasta do Qren. Além disso, a sua face representa a solução europeia para a crise e a visão institucional da União para o projecto económico e monetário. Com efeito, falamos do ex-Diretor Geral de Estudos Económicos no Banco Central Europeu e defensor inveterado da moeda única. O autêntico embaixador da Troika em terras lusas.

Todavia, mesmo evitando a sua saída, o governo não tem margem de manobra para continuar a liderar o rumo de Portugal. As pessoas perceberam que a austeridade falhou, todas as previsões falharam e as metas não estiveram perto de ser atingidas mesmo abdicando de qualquer crescimento económico. Todos e todas vêem o abismo com as faces de Janus. Uma com o rosto de Passos Coelho e outra com o rosto  de Vítor Gaspar. Cai o governo ou nenhum abandona funções.






 



publicado por Frederico Aleixo às 20:45 | link do post | comentar

Catarina Castanheira

Fábio Serranito

Frederico Aleixo

Frederico Bessa Cardoso

Gabriel Carvalho

Gonçalo Clemente Silva

João Moreira de Campos

Pedro Silveira

Rui Moreira

posts recentes

Regresso ao Futuro

Entre 'o tudo e o nada' n...

Le Portugal a vol d'oisea...

Recentrar (e simplificar)...

Ser ou não ser legítimo, ...

O PS não deve aliar-se à ...

(Pelo menos) cinco (irrit...

Neon-liberais de pacotilh...

Piketty dá-nos em que pen...

Ideias de certa forma sub...

arquivos

Junho 2017

Janeiro 2016

Outubro 2015

Abril 2015

Março 2015

Fevereiro 2015

Janeiro 2015

Dezembro 2014

Novembro 2014

Outubro 2014

Setembro 2014

Agosto 2014

Julho 2014

Junho 2014

Maio 2014

Abril 2014

Março 2014

Fevereiro 2014

Janeiro 2014

Dezembro 2013

Novembro 2013

Outubro 2013

Setembro 2013

Agosto 2013

Julho 2013

Junho 2013

Maio 2013

Abril 2013

Março 2013

Fevereiro 2013

Janeiro 2013

Dezembro 2012

Novembro 2012

Outubro 2012

Setembro 2012