«Indignai-vos!», disse Stéphane Hessel, voz da resistência francesa ao nazismo, especialmente aos jovens franceses, que encontram pela frente motivos que fortalecem o sentimento de indignação, de resistência e inconformismo. Indignados, foi o que surgiram, não só em França, mas um pouco por todo o mundo, e tambémem Portugal. No passado sábado estiveram um milhão de portugueses estimados na rua, entre jovens, seus pais e avós, todos os quadrantes políticos, classes e extractos sociais, numa manifestação que muitos comparam com as concentrações ocorridas após a Revolução de Abril. Um milhão de vontades com uma palavra de ordem: Basta!
«Somos responsáveis enquanto indivíduos» disse Sartre em mensagem libertária, e a ordem foi clara. Há limites para os sacrifícios e nem tudo é legítimo. Passado mais de um ano de Governo as promessas tornaram-se vãs, o Governo que se apresentou rigoroso e exigente demonstra-se hoje incompetente e incapaz de controlar o deficit, tarefa na qual os portugueses se empenharam. Insensível à realidade o Governo partido, de um incompetente mais um demagogo, diz que segue em frente, com um fim, mas sem estratégia, e em falência moral, querendo retirar rendimentos do trabalho do trabalhador, para entregar aos patrões.
Na sua cruzada ideológica, da qual começaram as primeiras deserções, o Governo entra pelo perigoso caminho da condução deliberada do país à fragilização social e à miséria, contra um consenso social singular, do qual é o único ausente. Até os sectores mais partidariamente insuspeitos recusam o modelo social que nos querem impor, e bem. Mesmo tendo em conta possíveis “modelações”, que mais não são que discursos ocos, e aprofundam o sistema apelidado de inevitável a que estamos presos, a resposta deverá ser a rejeição.
Todos somos responsáveis, individual e colectivamente, pela construção da sociedade em que vivemos e do seu futuro. «Empenhai-vos!» Empenhamo-nos!