Terça-feira, 21 de Maio de 2013
O pequeno Martim, jovem empreendedor e futuro embaixador do Impulso Jovem monopolizou as atenções das redes sociais. O automatismo com que descompôs Raquel Varela e todos os que auferem o Salário Mínimo Nacional colheu aplausos na acefalia entusiasta da sua bancada. A forma como esses aplausos se têm reproduzido em diferentes comentários e declarações sebastianistas revela como muita gente está descontente com o Governo. Martim, o supra-sumo da economia, está já na mira de alguns como futuro Primeiro-Ministro de Portugal e resolverá os problemas estruturais do nosso país.
Porém, a mediática resposta que protagonizou é parte integrante do barulhento discurso (nunca sustentado) de que uma economia competitiva deve estar assente em miseráveis salários. Esta argumentação queda, à partida, quando analisamos o nosso caso. O capitalismo e a consequente desvalorização salarial (aliás, a sua maior virtude) deu ao mundo, e também a Portugal, pobreza e fome. Se analisarmos meia dúzia de dados, rapidamente percebemos como o não acompanhamento dos salários relativamente à inflação resultam na perda de qualidade de vida das classes sociais de base. Perceberemos também que o regime se tornou explorativo, pois comparando o salário dos trabalhadores com o salário dos seus gestores, revela-se uma diferença abrupta entre eles. O que importa discutir é isto: como os baixos salários, em última análise, descapitalizam o Estado e o seu providencialismo coesivo. Baixos salários não nos trouxeram competitividade económica nem social, apenas pensões ínfimas e a acumulação imoral de riqueza em determinadas famílias. Os custos sociais da crise que vivemos provêm, para além da conjuntura internacional, das baixas contribuições que o Estado arrecadou nas últimas décadas. Não existe proporcionalidade salarial nem contributiva em Portugal.
Acredito que o que escrevi está implícito em parte do discurso da Raquel Varela e é factual. Não o querermos discutir é negligenciar valores fundamentais para a nossa emancipação colectiva. Aplaudí-lo é estar do lado errado da História.

De Bruno Figueiredo Alves a 21 de Maio de 2013 às 18:20
As forças ocultas da esquerda não se conseguem conter quando algo vai contra as suas verdades, digamos dogmas. O caso do Martim foi exemplo disso. Primeiro por ser jovem, a juventude é desde logo propriedade intelectual da esquerda vanguardista; segundo é um empreendedor, e isso para a esquerda é mais uma vez estar do lado errado da história, é dizer que sim a este governo, é dar o avale de que está tudo a correr bem, porque há até quem consiga ser empreendedor.
Não, não e não. Sei bem que para pessoas como a Dra. Raquel Varela é difícil compreender que existem empresários, empreendedores, jovens sem nenhuma formação universitária que geram postos de trabalho, ao contrário dela que nunca criou um único posto de trabalho, mas que se sente no direito de criticar do alto da sua intelectualidade quem o faz. E isto sim é estar do lado errado da história, não se trata de apoiar o governo mais socialista da história, muito pelo contrário. É fazer ver aos portugueses que devem lutar pela sua independência face ao Estado, sermos capazes de assumir responsabilidades face a outros que em conjunto formam uma instituição social, como são empresas.
Quanto à questão do salário mínimo. A pergunta é meramente idiota, para mais quando a solução é ficar em casa a ganhar subsidio, ou ficar sem comer, algo que ainda não vai sendo possível. E mais, se o salário mínimo como diz a OCDE não é suficiente, é por causa da existência dele mesmo, que não permite um mercado de trabalho competitivo e dinâmico, se os salários baixarem, automaticamente a oferta de emprego sobe, a não ser que, como este governo está a fazer, a economia esteja já em cacos.
O problema é darem-vos tempo de antena porque nem votos têm para isso. Se a apologia ao fascismo é proibida em Portugal, também o comunismo deveria ser severamente censurado, pelo número de mortes que causou no mundo.
De Diogo a 21 de Maio de 2013 às 22:43
Apoiado, estou totalmente de acordo. Ainda acrescento que relativamente a salários de uma start up essa dr " não tem minimamente a noção do que está a falar. Mesmo que o rapaz oferecesse um ordenado de 500 euros a alguém tenho a certeza a absoluta que ele não recebe mais porque os fundos numa start up não existem ou então são bastante escassos. São basicamente esforço e dedicação por um trabalho comum entre os creators até ao fim de 2 ou 3 anos existirem lucros. Portanto a sra. que comentou a boa vontade do rapaz não tem mesmo a noção da realidade.
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