Todos nos lembramos das afirmações proferidas por gente próxima do Governo e até pelo próprio: "O país terá que empobrecer". O objectivo é simples: destruir para reinar. Esqueceram-se, porém, de que gerir um país não é dirigir uma guerra. Hoje, Wolfgang Schäuble, Ministro das Finanças alemão, elogiando o seu amigo Vítor Gaspar, apelidou o ajustamento do país de "caso de sucesso". Certamente que Wolfgang, o caceteiro do austeritarismo internacional, conhece a realidade do país. Por isso temos andado a lutar por memorandos antagónicos: de um lado está quem considera a fome um sucesso e do outro quem combate essa política e consequente discurso. A verdade do ajustamento, camuflada pelas mentiras do ajustamento, faz escola em Portugal e coloca portugueses contra portugueses. Não reconhecermos o Governo e instituições internacionais como terroristas é um erro fatal da nossa parte. Engolirmos em seco as justificações que nos prestam (por exemplo, vivermos acima das nossas possibilidades), nomeadamente no ataque à estrutura do Estado, é cavarmos o nosso próprio buraco.
Para desmentir o sucesso do ajustamento vou publicar alguns dados.
1) A Dívida Pública. Apresentada como parte do sucesso do ajustamento.
1.1) Dívida directa do Estado:
- Dados do IGCP.
1.2) Juros da dívida:
- Dados do Relatório de Execução Orçamental.
1.3) Comparação entre os dados do 1º Trimestre de 2012 e o 1º Trimestre de 2013 relativos às Contas do Estado:
- Dados da Direcção-Geral do Orçamento.
Em nome da Dívida Pública, o Governo operou um corte estrutural nas funções públicas de cerca de 6 mil milhões de euros durante 2012. A Dívida prosseguiu o seu aumento e os seus juros ascendem, no final de 2012, a um valor total próximo da austeridade imposta pelo Governo à estrutura do Estado no mesmo período.
2) O Desemprego.
2.1) A "oportunidade", segundo Pedro Passos Coelho:
- Dados do IEFP.
2.2) A mensagem de esperança:
- Dados do IEFP.
2.3) Terrorismo social:
- Dados do IEFP.
Este é o verdadeiro sucesso do ajustamento do país. Para além dos cortes estruturais nas funções do Estado terem servido directamente para o pagamento de juros da Dívida Pública (nunca evitando o seu aumento), a recusa de uma renegociação do memorando com a Troika fará de nós bons alunos, sobretudo na morte. Os impostos aplicados originaram este desequilíbrio e trouxeram-nos ainda mais desemprego com a depressão económica verificada. Como inicialmente referi, não reconhecermos o Governo e instituições internacionais como terroristas é um erro fatal da nossa parte! Não os combater é permitir que o discurso do sucesso faça escola a nível internacional.