"Para um republicano, o indivíduo é à partida identificado com o cidadão-membro da comunidade e só existe enquanto parte integrante desse Todo e enquanto alguém que naturalmente se junta aos outros na busca do bem comum. A dimensão comunitária é constitutiva da própria identidade individual. Não há, por isso, verdadeira República nem verdadeira moral republicana que não enfatize uma concepção de cidadania fortemente participativa, sem que tal seja visto como uma ameaça às liberdades individuais(...) Como igualmente não pode haver República sem uma forte noção da importância do Estado como promotor do interesse público(...) A concepção republicana do Estado e dos seus poderes não contraria apenas a concepção liberal. Entra também em choque com a lógica maquiavélica do poder pelo poder. Porque o poder republicano é sempre entendido como um serviço público, ou seja, como um poder que serve outros fins que não o da simples conservação do seu exercício."
Ao cuidado do nosso Governo.
* "A República ontem e hoje", III Curso Livre de História Contemporânea, Fundação Mário Soares e Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa, coordenação científica de António Reis.