A imagem é a do Palácio Nereu Ramos em Brasília, sede do Congresso Nacional, construído na simbólica Praça dos Três Poderes, ocupados por manifestantes na última noite, em luta contra o prejuízo nos seus direitos e pelas opções políticas. A imagem impressionará sobretudo os habituais e temporários inquilinos do Palácio, mas não apenas estes. Num mundo global em que sobretudo as imagens correm e difundem-se em segundos, os poderes financeiros, autoritários e autocráticos, e mesmo os mais democráticos, sentem por momentos o medo das situações que controlam, até no Brasil dinâmico, centro do desporto mundial, pujante e em ascensão.
Porém, se a imagem é geradora de incomodo e medo, é também geradora de reacção, que invariavelmente se direcciona para o seu controlo, com a maior ou menor demonstração de forças, como continua a acontecer na Praça Taksim em Istambul.
Esta é também uma imagem que se junta aquelas da Praça Taksim, ou da Praça Tahrir no Cairo, ou ainda nas manifestações multiplicadas pela Europa e os EUA, resultado das consciências democráticas das populações, da afirmação de direitos, e de uma profunda alteração da ordem internacional em geração. Se o caminho for o do aprofundamento dos direitos e deveres democráticos e de uma economia despojada e depurada dos mecanismos do capitalismo selvagem e da desregulamentação dos mercados, tanto melhor.
Por cá, e no contexto do surgimento dos movimentos que lutam pelo afirmação do ser cidadão, e enquanto centro da acção política, num percurso de emancipação do cidadão e da cidadania, não há como não fazer um paralelo entre a ocupação da cobertura do Palácio do Congresso Nacional brasileiro, e os confrontos pronta e indiscriminadamente resolvidos pela polícia a 14 de Novembro de 2012 nas imediações da Assembleia da República. Por cá, usou-se o medo e a força, contudo do ponto de vista político nada mudou, pelo contrário. E das próximas vezes?