A História ensina-nos muitas coisas e uma delas é que ela nunca se repete. Por estes dias muitos vencidos de 1975 saltaram para a arena política. Aparte os comunistas, que nunca a abandonaram verdadeiramente, estes sectores de esquerda radical vêm recauchutados e podem, na verdade, trazer um interessante (e importante) debate acerca das grandes opções da nossa polis. Não é necessário ler Gramsci para perceber que isto terá necessariamente impacto na formatação do pensamento individual e da discussão coletiva.
Mas até estes sectores de pensamento e/ou de ação perceberam que, tal como o mundo, a exigência propositiva das pessoas mudou e que o radicalismo em (verdadeira) Democracia exige outro tipo de abordagem. Possivelmente deriva daí a dificuldade em articular esse tipo de abordagem, corporizada por enquanto apenas por um punhado de intelectuais.
A esquerda progressista encontra-se hoje numa encruzilhada. Mas esta encruzilhada não assenta na escolha entre opções definidas e estruturadas. Assenta entre a escolha da construção de uma nova opção e a continuação da lenta agonia ideológica a que nos submetemos. Este situacionismo militante de muitos “socialistas” não nos trouxe até aqui mas deixou-nos sem armas na mão quando mais necessitávamos delas. Seria, no entanto, um erro trágico apanhar a primeira arma que nos caia no colo. Em suma, pessoalmente estou disposto a ir para a luta… mas não com uma Kalashnikov.
Francesco Lojacono - Country Road