O tempo permitirá fazer uma avaliação ainda mais completa da longa passagem pela política, do português Durão Barroso. Certo é que para a história ficou a passagem pelo MRPP com os episódios revolucionários entre as cadeiras das salas de aula da universidade, e a fuga para a cómoda poltrona de Bruxelas. Esta última mais cómoda depois de a ter transformado na mais irrelevante inexistência.
Um final que é sempre o passado recente e o presente revelam a outra face da personagem: o terrorista financeiro. Vejam-se as declarações sobre a crise política criada pelos seus correligionários:
"É claro para mim que a reacção dos mercados se deveu ao facto de que poderia haver um enfraquecimento da determinação destes países em termos de consolidação orçamental e reformas estruturais."
"A maior lição dos desenvolvimentos recentes, nomeadamente no meu próprio país, é o risco que existe, se houver algum tipo de sinal de que não há determinação para a correcção de alguns desequilíbrios."
"A simples sugestão de que um governo que tem vindo a aplicar com determinação um programa negociado com a UE e o FMI estava em risco, essa simples sugestão criou algum nervosismo nos mercados.” Insistindo em que "é muito importante que toda a gente perceba isto". A lição a tirar destes acontecimentos é que "ainda não saímos da crise" e que é preciso "evitar qualquer tipo de complacência."
Há uns dias discutia-se se Durão Barroso honra ou não o país, sendo Presidente da Comissão Europeia. É óbvio que não. Quanto muito o país honrá-lo-ia a ele, e será essa a questão central para este e outros actores políticos, que julgam serem maiores que as funções que exercem ou procuram exercer. Durão Barroso no seu percurso político revela as convicções inabaláveis, nas quais vai acreditando ao sabor do vento e das oportunidades, do mesmo tipo daquelas dos que tomam posições irrevogáveis. Não serviu o país enquanto Primeiro-ministro, e muito menos serve a União Europeia e o ideal europeu.