Luís Amado considerou hoje que "não nos podemos esquecer que nós temos no parlamento forças revolucionárias". Referia-se às de esquerda. Eu considero hoje também, que já tive Luís Amado em melhor consideração. Não concordando sempre, mas apreciando as intervenções, a relação inverteu-se no momento em que o senhor deixou o debate de ideias livre, e passou a servir a mesma agenda daqueles que têm minado os nossos dias.
Lendo estas afirmações não consigo deixar de afastar da minha memória auditiva os discursos à Emissora Nacional no tempo da outra senhora. Claro está, com as devidas diferenças. Porém, logo surge outra memória, a do medo do comunismo, não vão eles lembrar-se de comer criancinhas ao pequeno almoço, e imagine-se opor-se ao estabelecido.
Enfim, deixemos Luís Amado, que mais não faz do que vestir um libré. A ameaça da revolução à esquerda (que não se vê ou sente) é o simples disfarce, na transformação revolucionária do Estado construído desde 25 de Abril de 1974. É a substituição na revolução de todos, pela de alguns. É a substituição da igualdade de oportunidades, pelo darwinismo social. É a substituíção de uma democracia social e de direitos, pela supressão destes e a servidão. Na Holanda este processo (revolucionário) tem agora o suave nome de "sociedade participativa", e que mais não é que o nosso conhecido "salve-se quem puder".
Para lá destes soundbytes, importa sair do torpor e interiorizar que a verdadeira revolução já está em marcha, e serve-se no nosso país da direita - e esta deixa-se servir. O leitmotiv é o dinheiro e o lucro e é para já a verdadeira e derradeira vitória do capitalismo. Até que um dia surja a revolta.