Mário Soares tem um percurso que fala por si. Nele percorreu grande parte da história do séc. XX português, e ainda marcou esta primeira década e meia do XXI. Desde cedo combateu o autoritarismo, o fascismo, a arbitrariedade desse poder, as injustiças e a miséria a que esse poder execrável votou o povo português.
Mesmo para quem a Democracia nada diz, a ele se deve a sua devolução e fortalecimento. Felizmente não foi o único a contá-la, infelizmente nem todos conseguiu trazer a ela.
Agora, que a Democracia pouco mais é que uma formalidade, e o país volta à miséria e pobreza, que alguns escolhem como virtude inspiradora, vale-nos novamente Mário Soares, a reposicionar as questões essenciais do país, as da dignidade humana.
Na sua intervenção cívica, não dá descanso, é certo. Que continue a não dar, a quem dele não merece. Toma partido. É assim que dita a conduta de um homem correto. Coloca-se do lado dos mais fracos e vulneráveis. A cobardia é o papel da cobra e do abutre.
Parecerá este um texto de defesa de Mário Soares. Admito que possa parecer, mas de facto não é necessário, e nem o próprio o precisa fazer.