Duas religiões dão mostras do seu ortodoxismo no extremo ocidente europeu, este jardim à beira-mar plantado, cada vez mais despido de folhagem e pétalas de flores, não estivessemos no outono da nossa vida pátria. Por um lado mantém-se o ortodoxismo comunista, sempre reverente aos comunismos de Estado com tudo o que isso tem de genético e de degenerescência de princípios democráticos (com pena minha); por outro a "nossa" "ortodoxa" igreja católica apostólica romana, sempre tão temente ao poder, quando este lhe é próximo e lhe dá abébias.
Recordam-se como o setor clerical e beato português aclamou os reverendíssimos Cavaco Silva e Passos Coelho e os entronizou no seu poder, aquando da cerimónia de inauguração do patriarcado de D. Manuel Clemente? Tão bela demonstração de proximidade nos afetos e nos intentos, tão reservado afastamento, para lá dos muros de defesa das espessas paredes dos Jerónimos.
Não é de estranhar portanto, o silêncio da igreja nacional às palavras de Papa Francisco, a propósito da pobreza, da exploração do Homem pelo homem, do endeusamento dos mercados e da financeirização, dos riscos da desumanização e do regresso à violência. Salvo raras e honrosas exceções, sempre assim agiu estrutura da igreja católica em Portugal, quando em causa estavam os grandes valores da Democracia e da Liberdade. Sem nada a dizer que não sejam palavras cúmplices do poder obscurantista, é já visível o incomodo do "descontrolo" das palavras de Francisco. Vaticino um "cisma".