«Há limites para os sacrifícios e nem tudo é legítimo» disse paradoxal e cinicamente o Primeiro-Ministro, Pedro Passos Coelho, em entrevista à RTP, no dia 13 de Setembro último, depois de duas tenebrosas comunicações do Governo ao país. Nos discursos e entrevista, mais austeridade e mais pesada, além da perversa alteração de todo o consenso social, com a implementação da TSU. Justificação de Pedro Passos Coelho: os portugueses não consumiram como deveriam… Indecoroso. O Governo exigiu sacrifícios, o povo correspondeu, o primeiro alienado que está foi incapaz de cumprir.
A resposta foi dada na rua, apenas dois dias volvidos, e a adesão superou as convocatórias das redes sociais. O povo sábio quis marcar presença e impôs ser ouvido (e não, não foi aquela massa amorfa, que alguns opinadores vêem e outros receiam). A mensagem foi colectiva e no final de todo o processo, o Governo saiu deslegitimado. Recuou.
Por essa Europa fora, e onde os Governos aplicam a única receita que aparentemente conhecem, os povos (e as economias) em «fadiga» e no limite da asfixia saem à rua, opondo-se à austeridade excessiva, pondo em causa a legitimidade desses mesmos Governos. Vejam-se as recentes declarações de Mariano Rajoy, e a margem de manobra que sabe que não tem, apelando inseguro, aos que ainda não saíram à rua; acenando nervoso, a Merkel, por outra solução.
Têm os povos legitimidade para se opor e resistir? Têm. Há outras soluções? Evidentemente. Ademais, bem menos custosas, no que às condições sociais e humanas diz respeito, e realmente interessam.