Trespassará o espírito do comum cidadão europeu o sentimento da mais profunda indiferença pela atribuição do Prémio Nobel da Paz à União Europeia, espaço de cidadania comum a povos de vinte e sete Estados, num total de quinhentos milhões de pessoas.
Mais depressa ou mais devagar integraram-nos e integramo-nos. Periodicamente vivemos já uma certa angústia perante previsões e a aproximação de actos eleitorais em muitos dos países da nossa Europa; ansiamos pelas mudanças que nestes países se constroem; sofremos pelo sofrimento dos povos grego, espanhol ou italiano, irmãos que estamos e somos, filhos da mesma mãe.
Sobre os escombros da mais tenebrosa guerra lançaram-nos o repto da paz, sob um projecto de solidariedade que, ante o signo da felicidade e esperança, abraçamos e muitas vezes acarinhamos, imbuídos no espírito das mais belas e possíveis utopias.
Alguns, loucos talvez, dizem deste projecto que é Património da Humanidade, outros, perante tão alta e digna atribuição rejubilam, afastados e desencontrados que estão dos povos, e hábeis que são em chamar a si as luzes das soluções que não surgem.
Porventura não será de guerra o estado em que estamos, contudo não é em paz que nós, cidadãos europeus, vivemos. No próximo ano atribuam aos cidadãos europeus o Prémio Nobel da Paz.