No interessante e curioso debate sobre a História de Portugal, obra coordenada por Rui Ramos, e nomeadamente sobre o período do Estado Novo, que durante os últimos meses vem ocorrendo nas páginas do Público, verifica-se a tentativa de relativização de termos e episódios da história deste período, quanto ao impacto e brutalidade da ditadura do Estado Novo.
Ora, como nos lembra agora Irene Flunser Pimentel, em artigo no jornal «Público» de hoje, convém não trocar os nomes das coisas. O que Rui Ramos chama de "agressões verbais e físicas" é a tortura. Outro exemplo: Rui Ramos, diminui o impacto e a importância da guerra colonial, pela dimensão do número de mortos em comparação com o número ocorrido no Vietmane.
Não entrando no campo do estudo histórico, nem colocando em termos das boas ou más intenções ou sequer do ajuizamento do comentário semanal histérico, o que Rui Ramos faz em relação a determinados episódios é tão só reescrever a História, sendo que a relativização de princípios e valores morais e fundamentais tem perigos demasiado evidentes.
A relativização na leitura das lições e erros do passado, e do que destes fica de memória, não pode ser diminuída sob pena de, na mesma quantidade e medida, se proporcionar a diminuição e alcance de erros presentes e futuros.