"Quando os Lobos Uivam", a bala que em 1958 atingiu o coração do regime salazarista. A subversividade da história causou a captura, por parte da censura, de todos os seus exemplares editados. Aquilino Ribeiro, nascido a 13 de Setembro de 1885, mestre autor da obra, farol da resistência republicana, indica-nos o caminho do que é nosso e desafia-nos à oposição cerrada em torno daquilo que nos completa enquanto cidadãos: os nossos direitos. Esta é a nossa defesa perante o ataque dos representantes do nosso Estado à nossa vida. Iremos cansar para alcançar o desígnio perdido da causa pública. "Temos muito dos lobos que, mesmo nas selvas plantadas a cordel, não aprenderam a moderar os instintos da sua braveza".
A nosso convite, a inauguração deste espaço está agradavelmente entregue ao Engenheiro Aquilino Ribeiro Machado, descendente do herói Aquilino, e é dirigida às novas gerações, na pessoa do seu próprio filho.
"Para quem os lobos uivam?
Aquilino, muito me regozijou a novidade, que me deste, de que um grupo de amigos, gente nova e de espírito aberto, estava na iminência de lançar um blogue sob os auspícios do título do inconformado livro de teu avô. A escrita tem, como tudo na vida, os seus avatares e os gostos vão cambiando com o tempo. Há todavia certas invariantes que permanecem e que atribuem o estatuto de perpetuidade a uma obra literária pela situação humana que retrata e pela qualidade formal em que é lavrada. Ambas se conciliam para constituir uma identidade e uma vivência a que a miúde nos reportaremos como marcas obrigatórias do nosso conhecimento. O "Quando os Lobos Uivam" reúne muito desses predicados e, por isso, se continua a demarcar. Símbolo igualmente do espírito de inacomodação e do desejo de liberdade que vive na alma de todo o homem verdadeiro, o uivar dos lobos simboliza também a herança primordial que trazemos dentro de nós e nos reintegra na natureza. Suponho que os teus amigos, para lá de atentarem no chamamento profundo das antigas raízes estejam sobretudo interessados em privilegiar aqueles a quem intentem desinquietar ou doutrinar nas vias do progresso e do futuro. Que isso se faça sob a égide de Aquilino, o escritor, será pois motivo de orgulho e de reconhecimento da minha parte, como sei que será igualmente da tua.
Aquilino Ribeiro Machado"