“A nostalgia comunista em particular não deve ser levada demasiado a sério: longe de exprimir um autêntico desejo de regresso à realidade cinzenta do regime anterior, aproxima-se mais de uma forma de luto – um processo de abandonar suavemente o passado. A ascensão do populismo de direita, pelo seu lado, não é uma especialidade europeia ocidental, mas um traço comum a todos os países apanhados pelo sorvedouro da globalização. Mais interessante é, portanto, a terceira reacção, a ressurreição insólita de uma paranóia anticomunista ao fim de duas décadas. À pergunta «Se o capitalismo é, de facto tão superior ao socialismo, porque continuam as nossas vidas a ser tão miseráveis?», fornece uma resposta simples: é porque, de facto, não chegamos ainda ao capitalismo, é porque os comunistas continuam, de facto, a governar, só que usando agora as máscaras de proprietários e de gestores…”
Viver no Fim dos Tempos, Slavoj Zizek