O Partido Socialista envergonha-me. Com algumas excepções em matéria de opção política e de alguns camaradas, naturalmente, resta pouco a respirar dentro do partido.
Vai longe quem opera caciques, quem acha que o certo é o reproduzido pelas estrelas do circuito da carne assada, quem vota contra iniciativas parlamentares que, mais do que necessárias, são higiénicas e se impõem. É isto o PS: uma estrada para eleições familiares, para comer, beber e discursar nas concelhias, para um cargo público com almofada privada. Quem pensar o contrário está enganado.
Lamento que uma instituição que deu esperança, terra para andar e projectos a Portugal se tenha transformado nisto.
Quem se dedica ao pensamento dentro do PS caiu em tal desuso e até inutilidade por não andar a acenar para o vazio, que só me resta capitular e desejar felicidades a todos aqueles que politicamente combati durante os últimos anos. O vosso sucesso será o enterro definitivo desse grande partido, que o foi e é, e permitirá ao país libertar-se das abjectas amarras que lhe foram decretando. A vocês, bons alunos, socialistas de paixão, homens e mulheres de passado e história, como facilmente se percebe passados dois minutos de conversa, actuais e futuros dirigentes e presidentes da probidade, desejo uma longa jornada. Encontramo-nos mais à frente, no momento da denúncia, quando os vossos actos reproduzirem fielmente os mesmos resultados deste Governo. Não vos admireis, o partido é outro, mas a escola é a mesma.